Por Alenita Ramirez e Patrícia Lisboa
Em transmissão ao vivo por rede social (live), na sexta-feira (26/2), o prefeito de Indaiatuba, Nilson Gaspar (MDB), e a secretária municipal de Saúde, Graziela Garcia, falaram sobre o alarmante avanço da covid-19 no município, com o crescimento de 57% no número de óbitos e do risco de esgotamento dos leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para pacientes da covid-19.
Segundo Gaspar e Graziela, a região de Campinas – que regride da fase amarela para a fase laranja do Plano São Paulo por causa da piora dos indicadores, a partir de segunda-feira (1º/3) – caminha para um colapso nas próximas semanas, caso persistam o aumento de casos de covid-19 e também o desrespeito às regras de restrições.
“Estamos caminhando para um colapso. Imagina você chegar na porta do hospital e não ter leito de UTI. Graças a Deus em Indaiatuba ainda estamos atendendo esta demanda, mas logo vai faltar até medicamentos para cuidar das pessoas. É o momento de a gente se ajudar”, disse Gaspar.
“Hoje de manhã, às 7h, tínhamos na região, 96 pacientes aguardando vagas para covid, isso tanto em enfermaria como UTI. Desses, 18 aguardavam leito na UTI”, frisou Graziela.
COVID EM NÚMEROS
De acordo com a secretária, o avanço da covid, em Indaiatuba, chegou a um patamar assustador nos últimos dois meses. Em balanço feito pela Pasta, verificou-se que no começo de janeiro havia na cidade 11.192 casos da doença. Hoje, a cidade soma 14.833 casos, um aumento de 3.641 (32%).
Ainda conforme Graziela, outro indicador que preocupa é o número de óbitos. De janeiro até hoje, 67 pessoas morreram em decorrência de complicações pela covid-19. No dia 1º de janeiro, o município tinha 288 óbitos e hoje o total é de 355 mortes.
Da semana passada, de 14 a 20 deste mês para esta semana, de 21 a 26/2, houve um aumento de 57% no número de mortes. “Esses números nos assustam”, disse a secretária da Saúde.
LEITOS
A rede pública de saúde de Indaiatuba conta com 28 leitos de UTI exclusivos para pacientes da covid-19, sendo 24 no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc) e quatro alugados nos hospitais Samaritano de Campinas e de Artur Nogueira e, hoje, 96% deles estão ocupados, o que significa que apenas três leitos estão disponíveis. No Haoc, especificamente, há somente um leito de UTI livre hoje. No Hospital Santa Ignês, da rede particular, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 100% desde o início da semana.
“Nós temos participado de todas as reuniões regionais para tentar montar um plano regional e tentar controlar essas vagas, esses leitos, mas essa dificuldade acontece em todas as cidades”, afirmou a secretária da Saúde.
MEDICAMENTOS
Outra situação alarmante, segundo o prefeito, a secretária da Saúde e o diretor do Haoc, Ronaldo Garcia, é a falta de medicamentos, como analgésico e relaxantes musculares, para sedar os pacientes que precisam ser intubados.
Segundo Garcia, antes da pandemia, o Haoc usava cerca de 2,9 mil ampolas desses medicamentos. Entre julho e agosto, quando a cidade teve o primeiro pico da doença, usou-se 25 mil ampolas e, neste mês, chegou a 31 mil.
“A produção destes medicamento não está vencendo a demanda”, observou o prefeito.
ESTRATÉGIA
Para a secretária de saúde, para evitar o colapso na saúde, é necessário que a população siga as regras de restrições para as próximas duas semanas.
Segundo Gaspar, neste final de semana, a Polícia Militar e a Vigilância Sanitária farão fiscalização na cidade, inclusive em locais públicos, como praças e Parque Ecológico, para coibir as aglomerações. A Guarda Civil prestará auxílio ao trabalho da Polícia Militar.
A partir de hoje, começa a valer o decreto do Governo do Estado para que apenas os serviços essenciais funcionem, das 23h às 5h, para a redução da circulação de pessoas.
Segundo o diretor do Haoc, nos últimos tempos, a faixa etária de pacientes afetados com a covid-19 e internados em UTI´s tem reduzido para mais jovens – que são os que mais têm provocado as aglomerações no período noturno.
UM ANO
Esse cenário alarmante é exposto, na sexta-feira (26/2), quando a confirmação do primeiro caso de covid-19 completa um ano, no Brasil. Em Indaiatuba, a primeira confirmação de covid-19 aconteceu no dia 30 de março. A primeira confirmação de morte pela doença se deu no dia 15 de abril.