A Câmara de Indaiatuba sediou, nesta segunda-feira (13/3), uma discussão pública sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “A Fraternidade e a Fome”. A atividade promovida pela Forania São José de Anchieta reuniu párocos da cidade e a comunidade em geral, com a finalidade de debater temas como desperdício, falta de solidariedade e reaproveitamento de alimentos.

O evento teve início após a sessão ordinária do Legislativo.

“Há uma geopolítica da fome, com prevalência entre os moradores de domicílios rurais da região norte e nordeste, do sexo feminino e da cor negra. A insegurança alimentar está concentrada nesses segmentos, pois a fome no Brasil tem lugar, gênero e cor”. A frase é do padre Jonas Barbosa, vigário Forâneo de Indaiatuba e pároco da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada no Jardim Morada do Sol, e foi expressa no encontro desta segunda-feira.

Os padres Jonas e Marcelo Vacucava, ambos da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Florentino Antônio dos Santos, da Igreja da Candelária, e o seminarista Geislânio Luz Caires, assessor arquidiocesano da Campanha da Fraternidade, foram convidados pelo presidente da Câmara, Pepo Lepinsk, e pelo vereador Wilson Índio da Doze, para exporem na Casa de Leis a Campanha da Fraternidade deste ano.

“A fome, infelizmente, é um problema histórico em nosso País e, segundo as estatísticas mais confiáveis, atinge 33 milhões de brasileiros”, afirmou Pepo. “Precisamos refletir sobre essa chaga social para poder erradicá-la, sobretudo porque sabemos que alimentos não faltam no Brasil, o 4º maior produtor de alimentos do mundo”, disse.

Também participaram do encontro os vereadores Silene Carvalini e Du Tonin, o diretor do Cresans – órgão da Prefeitura que produz alimentos para entidades de assistência — Vitor Hugo Bonequim, e membros da comunidade católica das paróquias Santa Rita, Santo Antônio, Santa Terezinha, Candelária e São Francisco de Assis.

A CAMPANHA

Realizada anualmente pela Igreja Católica desde 1964 – e de forma ecumênica, a cada cinco anos, em conjunto com outras denominações cristãs – a Campanha da Fraternidade tem como objetivo despertar a solidariedade das pessoas em relação a um grave problema do País e como solucioná-lo. “A fome no Brasil tem inúmeras causas, e a mais evidente é a desigualdade social”, explicitou padre Jonas. “É por isso que a fome está entrelaçada com outras questões relevantes como a falta de moradia, a falta de educação, a insegurança hídrica, e o desemprego”.

“O Papa Francisco falou: para a humanidade, a fome é uma vergonha”, ressaltou padre Jonas ao mencionar que o pontificado de Francisco completara ontem exatos 10 anos. “A Campanha da Fraternidade de 2023 busca encontrar respostas para essa questão que nos envergonha a todos, e entende que há três dimensões de atuação para combatê-la, a começar pela assistencial (‘Quem tem fome tem pressa”, dizia o Betinho), passando pela promocional e concluindo com a mais importante que é a sociopolítica”.

O seminarista Geislânio Luz explicou a dimensão sociopolítica: “O objetivo da política tem de ser a promoção do bem comum e, para tanto, precisamos ter a compreensão de que a fome advém de uma realidade estrutural, que não se interessa em incluir uma grande parte da sociedade brasileira aos bens produzidos”.

E finalizou: “Agradecemos o espaço cedido por esta Casa Civil para a reflexão sobre tema tão relevante, e contamos com a compreensão de todos os presentes no sentido de que há a necessidade de irmos à raiz do problema e atacá-lo politicamente, de maneira institucional”.

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