Por Patrícia Lisboa
Indaiatuba vai integrar o projeto do Instituto Butantan para utilizar plasma convalescente para tratar pacientes com covid-19. Segundo a secretária municipal de Saúde, Graziela Garcia, estão sendo realizados os procedimentos jurídicos para a formalização da parceria.
As equipes da Secretaria Municipal de Saúde já passaram por treinamento com as equipes do Butantan. “Já está tudo alinhavado”, afirmou Graziela, em entrevista exclusiva ao Dropes. Mas, a data de início do uso do plasma convalescente ainda não está definida.
O plasma, que é a parte líquida do sangue, é retirado de voluntários já curados da covid-19 e aplicado no paciente infectado. Os anticorpos presentes no plasma estimulam o organismo afetado a se defender da doença, até que ele tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune. Segundo o Instituto Butantan, estão sendo obtidos “bons resultados”.
“A gente chama de convalescente porque é um plasma de alguém que já teve a doença. Nas 72 horas em que a outra pessoa é diagnosticada com covid-19, ela pode optar, além de tomar os medicamentos convencionais, receber o plasma, como se fosse uma transfusão. Vai pelo sangue. A gente dá um reforço nos anticorpos, para que a doença não evolua. Tem que ser em 72 horas porque o paciente que vai receber o plasma não pode ter lesão pulmonar de mais de 10%, tem todo um pré-requisito”, explica a secretária municipal de Saúde.
“Na verdade, é um reforço que a gente dá para a pessoa que está com a doença; se coloca mais anticorpos para ela poder reagir melhor à doença”, acrescenta Graziela. Segundo ela, ainda nenhum morador de Indaiatuba recebeu o tratamento com plasma convalescente.
CAPTAÇÃO
O Butantan explica que o plasma convalescente é obtido por meio de doação voluntária de plasma por meio de doação de sangue total de pessoas que já foram contaminadas pelo novo coronavírus e que, portanto, já possuem anticorpos.
Para doar, é fundamental que a pessoa tenha sido contaminada pela covid-19 pelo menos 30 dias antes do ato da doação. É preciso estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos e pesar no mínimo 50 kg.
Apenas homens podem se voluntariar para doar o plasma convalescente. Isso porque, durante a gestação, a mulher libera anticorpos na corrente sanguínea que podem causar, no paciente que recebe o plasma, uma lesão pulmonar grave associada à transfusão chamada TRALI (transfusion-related acute lung injury).
O Hemocentro da Unicamp – que realiza a Campanha de Doação de Sangue, em Indaiatuba – é um dos pontos de coleta de plasma para o Instituto Butantan.
PROJETO PILOTO
O projeto piloto da utilização de plasma convalescente em pessoas imunossuprimidas, com comorbidades, maiores de 60 anos e com diagnóstico comprovado de covid-19 é realizado em Araraquara e Santos.
“Araraquara foi um dos primeiros municípios do Estado a apresentar uma curva epidemiológica explosiva devido à variante P1 do novo coronavírus, enquanto Santos evoluiu rapidamente de uma situação de relativo controle para um crescimento preocupante no número de casos”, justifica o Butantan.
INDAIATUBA
A secretária municipal de Saúde afirma que Indaiatuba foi escolhida para integrar o projeto do Butantan com uso do plasma convalescente porque a rede municipal de saúde tem estrutura – com laboratório municipal, rede informatizada e organizada – para ser autossuficiente no futuro em relação a oferta da terapia.
Em uma rede social, sem citar que se trata do uso de plasma convalescente, mas de uma “nova terapia”, o prefeito Nilson Gaspar (MDB) escreveu que a estrutura física da rede municipal de saúde foi fundamental para que o município fosse escolhido para receber o projeto do Instituto Butantan.
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