Política

Gaspar fala sobre toque de restrição decretado pelo Governo do Estado

Por Patrícia Lisboa

Em entrevista exclusiva ao Blog da Pimenta, o prefeito de Indaiatuba, Nilson Gaspar (MDB), falou sobre o toque de restrição decretado pelo Governo do Estado e que começou a valer, na sexta-feira (26/2) e vai até 14 de março, das 23h às 5h, em todas as regiões paulistas, para diminuir a circulação de pessoas e coibir as aglomerações, com o intuito de conter o avanço da covid-19 e as internações por causa da doença.

A reportagem procurou o prefeito para saber como funcionará a fiscalização do cumprimento do toque de restrição, na prática, no município. Gaspar lembrou que o governador João Doria (PSDB), na última quarta-feira (24/2), anunciou que a fiscalização será feita por órgãos estaduais, sendo a Polícia Militar, a Vigilância Sanitária e o Procon.

“Acho justo que o Estado faça a fiscalização porque é muito fácil tomar as medidas e deixar a execução para os prefeitos, no chão de fábrica”, disparou Gaspar, em tom de crítica ao Governo do Estado. A expressão “chão de fábrica” é usada para se referir à classe operária em indústrias, os que estão na linha de frente da produção.

Questionado sobre a atuação da Guarda Civil na fiscalização, no período do toque de restrição, o prefeito pontuou que a corporação já tem demanda extra com o aumento das ocorrências de perturbação do sossego e que o real papel dela é atuar para garantir a segurança pública. Mas, ponderou que, no contexto da restrição extraordinária, a Guarda poderá agir em colaboração com a Polícia Militar, em casos extremos, no que for necessário. “Vamos aguardar como será o final de semana”, disse.

PLANO A: VACINA

Para o prefeito, a principal ação contra o avanço da covid-19 é a vacinação em massa. Ele aponta que essa medida deveria ser o “Plano A”. “Já poderíamos estar muito mais avançados na vacinação da população, mas, não temos a vacina, que é distribuída pelos governos do Estado e Federal. Então, tem que ter produção em massa de vacina para a gente imunizar o quanto antes a população, isso no País todo”, disse Gaspar.

PLANO B: LEITOS DE UTI

Para a Região Metropolitana de Campinas (RMC), da qual Indaiatuba e outras 19 cidades fazem parte, como não é possível a vacinação em massa ainda, o prefeito afirma que há necessidade de aumento dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para pacientes da covid-19. “Esse é o Plano B para a nossa região: leitos de UTI”, defendeu.

Indaiatuba, especificamente, segundo o prefeito, “para ter folga”, precisa de mais seis leitos de UTI Covid. Hoje, há 24 leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), sendo que 22 deles estão ocupados, no momento.

O prefeito ainda destaca que o sistema público de saúde de Indaiatuba, por ter boa estrutura, acaba sendo procurado por pacientes de outros municípios, o que o sobrecarrega ainda mais.
“Como nosso sistema público de saúde funciona, é robusto, o pessoal de fora acaba vindo para cá. Tem gente da região inteira, aqui, usando o nosso sistema de saúde e isso é uma dificuldade muito grande que temos”, afirmou.

“No ano passado, no auge da crise, a região tinha dois terços a mais de leitos do que agora. Hoje, estamos com um número muito baixo de leitos disponíveis para internação covid na região e esse tipo de leito é o mais caro que tem. Então, o Governo do Estado, se não tem vacina para todos, tem que adotar o Plano B e aumentar o número de leitos para atender a demanda aqui na nossa região”, observou Gaspar.

Segundo o prefeito, em reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMC, na última quarta-feira, os prefeitos assinaram um documento solicitando ao Governo do Estado a ampliação dos leitos de UTI Covid na Região de Campinas.

POPULAÇÃO E COMÉRCIO

Por fim, o prefeito de Indaiatuba falou sobre a necessidade de colaboração da população para que não haja aglomerações na cidade e para que os cuidados com a prevenção à covid-19, como o uso da máscara, não sejam deixados de lado.

“É preciso que a população colabore, usando máscara, álcool em gel, evitando aglomeração, não fazendo festas clandestinas, baladas – esse é o maior problema que, infelizmente, os municípios estão enfrentando. Sou contra o fechamento do comércio, quero deixar isso bem claro. Acho que não é o comércio que prejudica essa questão da transmissão do vírus”, frisou o prefeito.

“Eu entendo que o que precisa resolver é a vacinação em massa o mais rápido possível. Se chegar vacina aqui, para a cidade toda, consigo vacinar a nossa população em tempo recorde. A gente faz uma operação de guerra e resolve a situação”, garantiu Gaspar.

TOQUE DE RESTRIÇÃO

Os serviços essenciais podem funcionar normalmente durante o horário de restrição, das 23h às 5h. Também não haverá advertência, multa ou impedimento à circulação de trabalhadores. Na prática, o Governo do Estado afirma que vai endurecer a fiscalização contra aglomerações em qualquer horário e eventos ilegais ou proibidos aos finais de noite e madrugadas.

Segundo o Governo do Estado, a restrição de circulação visa coibir tanto os eventos clandestinos como reuniões sociais com aglomerações aos finais de noite e madrugadas.

O governador João Doria (PSDB) disse que foi organizada uma força-tarefa para ampliar a fiscalização das equipes de Vigilância Sanitária em conjunto com as prefeituras, mas, a Prefeitura de Indaiatuba afirma que não recebeu nenhuma comunicado do Estado sobre o assunto.

“Equipes do Procon-SP e das forças policiais da Secretaria de Segurança Pública vão atuar de forma conjunta para coibir o funcionamento de estabelecimentos não essenciais no período de restrição e os eventos ilegais.

Os agentes de fiscalização vão multar comércios e empresas que descumprirem as regras do Plano São Paulo”, afirma o governo estadual.

FASE LARANJA

Na reclassificação do Plano São Paulo pelo Governo do Estado, na sexta-feira (26/2), Indaiatuba – bem como as demais 41 cidades abrangidas pelo Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7) – também regridem da fase amarela para a fase laranja, por causa do aumento das internações em decorrência da covid-19, a partir desta segunda-feira (1º/3).

Patricia Lisboa

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